Somos humanos, sim, mas também não somos. Existe dentro de nós um portal, uma sabedoria ancestral e divina que transcende nossa compreensão.

Tantas são as camadas com que nos acobertamos no decorrer da caminhada, que naturalmente nos configuramos como seres limitados. 

Ao consagrar Ayahuasca, de uma forma quântica e amorosa, ela vem nos despindo; as camadas tornam-se translúcidas, cada vez mais finas, até que finalmente chegamos ao Portal. E ali, nesse Portal, percebo que sou o Todo, e que sendo o Todo, todas as respostas e todos os recursos sempre estiveram dentro de mim. 

Não há caminho fora, o caminho é dentro. E isso é assustador. Perceber-se totalmente hábil para ser Você, em sua essência mais pura, pode ser profundamente intimidante.

A luz e a sombra dançam, se entrelaçam; afinal, como haverá sombra sem luz?

E o mais contraditório é que o ego não percebe que arma uma armadilha para si mesmo... É lindo poder percebê-lo ali, preso pelo rabinho, enquanto a única coisa que lhe resta fazer é observar, impotente, a perda do controle.

Assistimos o dono da casa chegar e assumir as rédeas com determinação serena. Ele começa arrastando móveis, limpa embaixo do sofá, tira o pó dos móveis, abre as caixas há tanto escondidas no porão, remove as folhas secas do quintal...

E ao terminar a faxina, ele abre as cortinas para a Luz entrar, sopra purpurina, acende uma vela e deixa ela ali queimar, iluminando o caminho de volta para casa.....

Em amor, Ana Bueno.